WestRock vai construir nova fábrica em São Paulo

WestRock vai construir nova fábrica em São Paulo

Lorenzatto, presidente no Brasil: ”Pior já passou. Não se espera quadro recessivo”

A gigante americana de embalagens de papelão ondulado WestRock vai construir uma nova fábrica no Brasil, ao mesmo tempo em que se prepara para encerrar as atividades da unidade fabril de Valinhos (SP), a antiga Rigesa. Detalhes sobre o investimento não foram divulgados pelo grupo, mas se uma nova máquina de papel está nos planos da companhia, o desembolso pode chegar a centenas de milhões de dólares, segundo estimativas de mercado.

De acordo com nota emitida pela matriz, a nova fábrica entrará em operação no segundo trimestre de 2019, no município paulista de Porto Feliz. Fundada em 1942, a antiga Rigesa será desativada quando a nova unidade estiver pronta e ainda não há definição sobre o destino dos ativos de Valinhos.

Conforme relatório anual da WestRock, que no Brasil ocupa a vice-liderança no mercado de embalagens de papelão ondulado, atrás da Klabin, a fábrica que será desativada tem capacidade instalada para produção de até 500 mil toneladas anuais.

O motivo para o encerramento das atividades em Valinhos, de acordo com a companhia americana, está relacionado à “falta de condições que permitam o crescimento sustentável da unidade para atender o mercado crescente na região”. A fábrica da antiga Rigesa está localizada no centro da cidade, com “estrutura e layout antigos”.

A WestRock informou ainda que vai oferecer aos funcionários atingidos pela mudança, que permanecerem até o fim das operações, um pacote de benefícios complementar, além do previsto nas obrigações legais e em acordo com o sindicato.

No Brasil, além de operações florestais, a WestRock tem outra fábrica de papéis para embalagem, em Três Barras (SC). A expansão dessa unidade, mediante investimento de US$ 480 milhões, foi inaugurada em 2013.

Naquela época, as operações de papelão ondulado no país pertenciam à MeadWestvaco Corp., que se fundiu à Rock-Tenn Company em 2015, dando origem à WestRock. A empresa também tem unidade em Pacajus (CE). No comunicado global, a empresa informou que a nova unidade será aberta para atender à crescente demanda dos clientes regionais na América do Sul. “O negócio de embalagens de papelão ondulado da WestRock no Brasil continua registrando bom desempenho, com forte relacionamento com os clientes em mercados de crescimento atraente”, disse Steve Voorhees, diretor-executivo da companhia, no comunicado.

A nova unidade do grupo americano deve atender a todos os segmentos industriais de São Paulo e da região Sudeste e será integrada às operações de produção florestal e de papel da fábrica de Três Barras. Globalmente, a WestRock registrou vendas líquidas de US$ 14,2 bilhões no último ano fiscal, encerrado em 30 de setembro de 2016. Em entrevista concedida ao Valor na semana passada, o presidente da WestRock Brasil, Jairo Lorenzatto, comentou que a empresa já vinha observando retomada nas expedições de papelão ondulado há alguns meses, com desempenho “um pouco melhor” do que o indicado pela Associação Brasileira do Papelão Ondulado (ABPO).

Dados preliminares da entidade mostram que, em agosto, as vendas da indústria subiram 8,05% na comparação anual, a 310,331 mil toneladas.

Conforme Lorenzatto, essa retomada parece estar um pouco mais consistente no segundo semestre. “Historicamente, o segundo semestre é mais forte, então isso pode ser um pouco ilusivo. A prova mesmo virá no começo do ano que vem”, ponderou. O executivo observou ainda que a melhora vista no mês passado também pode estar relacionada à recomposição de estoques, à medida que há mais otimismo na economia. “O que é certo é que o pior já passou e não se espera um quadro recessivo. Observamos uma melhora gradual, mas ainda não se sabe o quanto será linear e progressiva”, acrescentou. Lorenzatto disse ainda que a maior preocupação com controle de custos e despesas entre os clientes, que têm optado por soluções mais simples e baratas, desafia a manutenção das margens da indústria. “Temos tido relativo sucesso nisso”, afirmou na entrevista da semana passada.

 

Por Stella Fontes e Rodrigo Rocha, Valor Econômico, 19/09/2017.


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